Vielas escuras

Praguejo a disrritmia
que amortece o coração
incauto,
a insensatez da razão
vociferante.

Brada sem luz,
Incandesce sem calor,
é a própria representação
de tudo que é
contrário ao despertar
da semente do amor.

Palavra em desuso,
dada a morte
da
poesia,
cuja evidência
se mostra clara
nas rondas
e no perambular
pelas vielas escuras
da cidade que não
conhece mais
o Ser interior.

A constância do amor

A constância desse amor que perpassa a existência apresenta-se de forma sutil, e reserva seu sabor ao ser dotado de sensibilidade. Os desígnios da mente rasa e calculista, paradigma do homem contemporâneio, enterra com sua ambição toda a possibilidade do aquietar-se, para assim perceber o que está em jogo, além de sua cegueira espiritual.

Coração selvagem

Marcado por sobre o peito do homem sábio, está a medalha da abertura total ao coração selvagem, aquele que é despido de qualquer conceito ou imagem. É a pura luz que chega sem avisar, adentrando os aposentos suntuosos da interioridade.

O amor ilimitado

O amor desponta diante do ilimitado sentido que imprime a existência, permeando os rios e marés, as avenidas e pelas matas. É um sintonizar com uma energia sutil e grandiosa, que preenche as lacunas do coração.

Ego e ambição

O sistema nos condiciona a almejar novos postos, novos empregos, metas, ambições. Só que, ao conseguir a meta, a ambição, temos um prazer superficial e fugaz, para logo estarmos insatisfeitos novamente e perdidos ainda no que diz respeito ao Ser.

A alternativa é des-encobrir o Ser, tarefa que não cabe a nós, já que o que podemos fazer é tirar todo o entulho que se encontra encobrindo-o. Afastando a camada grossa do ego, suas ilusões, promessas, achismos, sobra uma paz que é a essência do Ser, humano ou não.

Os conceitos que encobrem o Ser

A solução definitiva é a dissolução dos conceitos que encobrem o Ser, a alegre radiância do presente em conexão interna. Na medida em que há despojamento e simplicidade, sobretudo da mente, é que o Real vai ficando mais aparente, e o coração é deflagrado.

A Verdade

Imagine a quantidade
de energia
que haveria numa sociedade
utópica, reconheço,
talvez delirante,
onde os governantes,
estariam ocupando seus cargos,
movidos pela necessidade interna
de dar vazão ao que poderíamos chamar
de política.

Os seres humanos trabalhariam
não como os robotizados de hoje,
mas por uma questão de subsistência.

O trabalho, já de início,
não seria obrigatório.
Só trabalha quem quer.

Mas por outro lado,
a educação não teria esse escopo
que tem hoje em dia,
de preparar o jovem para o "mercado".
Não, a educação educaria.
Mostraria o que é o que na vida,
não em termos acadêmicos,
de fazer pensar como um autômato.

Não! Ela lhe ensinaria a pensar
a ter sua chama criativa acesa.
Não iria maquiar com esse arremedo
de escolaridade de hoje em dia,
que estão comprometidas todas as
escolas. Estas, são marionetes
do sistema dominante,
camuflam nos eventos culturais
da escola a cota de vida,
mas de volta às salas de aulas,
vamo que vamo botar essa criançada
pronta pro Enem.

Quebro a rotina dos meus dias
Esmurrando com todo o vigor
As armadilhas que vão sendo deflagradas
Ao longo do caminho.

O inimigo é meu próprio irmão
Que as arma na intenção de dar vazão
À sua mísera condição de ser
Que segue o rebanho da hipocrisia
Espelhando toda confusão
Dessa raça pervertida e masoquista
Da qual pertencemos.

Esforço-me ao máximo
Para combater essa força
Que vem em minha direção
Mas que carece de um único elemento
Vital à vitória: a luz de sua própria Verdade.

Mais uma de Amor

Arrasto por milhas e milhas

o sabor doce de suas palavras

recheadas de amor.

Deixaste impregnado

cá nesta alma

a fragrância

do perfume dos Deuses,

mero encontro 

com a divindade

que nos habita.

Deixa que o 

caminho do tempo

se encarregará

de dar as cartas

que nos apontará

o rumo 

nesta estrada da vida,

sublimes momentos 

eternizados

em nossos corações.

Vida sem Ego

Atividades diversas são desempenhadas ao longo do dia. Trabalho e seus desafios constantes, tarefas menos desafiadoras como se arrumar, ir passear, ler etc. Se formos dissecar essas atividades, veremos que de fato, a tarefa em si, o quanto fácil ou difícil, faz parte do fluxo da nossa própria essência, ou seja, já ocorre, e até melhor, quando não estamos metendo o bedelho no meio.

Vi uma vez uma reportagem comentando que o Michael Jordan, explicando como atingiu esse grau de perfeição na quadra, fez menção a essa região interna que ele chama de a Zona, onde não havia nenhum vestígio do Ego, que é o fato do cara no meio do jogo parar e ver que é "ele" que está jogando, e não o simples fluxo de energia do qual aquele corpo e mente é apenas um canal.

Pode parecer meio esotérica essa questão mas não é. É o puro e simples fluxo da vida, que vai em frente e toma as rédeas da situações quando "nós" enquanto pensamento de 'eu' não estamos lá.

Acho até que dentro desse fluxo há espaço para desencontros e imperfeições, é tudo o mesmo fluxo.

Mas perceba que a vida sem o Ego, ou senso de individualidade criado pela mente, é vida atuando em vida, e nada mais. Maravilha!